No seu uso comum, o termo emoção tende a incluir a noção de
sentimento. Apesar destes dois fenómenos se encontrarem tão intimamente ligados
que se torna fácil confundi-los, é possível distingui-los e estudá-los
separadamente para no final melhor compreender a sua ligação. A distinção entre
emoção e sentimento acompanha de perto a distinção entre corpo e mente.
As emoções parecem preceder os sentimentos e constituir o
seu alicerce. Comecemos por indagar o que são as emoções para em seguida
abordar a questão do sentimento.
As emoções fazem parte de um sistema integrado de
dispositivos inatos e automáticos que visam solucionar os problemas básicos da
vida e assegurar o bem-estar do organismo. Contribuem assim para a regulação
homeostática de um organismo cuja sobrevivência depende da manutenção de
condições internas estáveis e da possibilidade de adaptação às variações do
mundo exterior. Enquanto mecanismos biológicos de auto-regulação, as emoções
têm uma dupla função. A primeira é a produção de uma reacção específica do
organismo a uma situação indutora, isto é, a um estímulo emocionalmente
competente presente no meio exterior. A segunda função é a regulação do estado
interno do organismo, através de modificações do corpo (ritmo cardíaco, pressão
sanguínea, etc) que visam preparar o organismo para a reacção acima referida.
Todas as reacções homeostáticas são acompanhadas por estados
do corpo mapeados no cérebro sob a forma de padrões neurais que registam os
ajustamentos que vão sendo feitos para assegurar o fluir da vida. As emoções
distinguem-se de outros mecanismos de regulação automática pelo grau de
complexidade das respostas emocionais, que se podem dividir em primárias (alegria, tristeza,
cólera, surpresa ou aversão), de fundo (bem-estar, mal-estar, calma, tensão) e
sociais ou secundárias (vergonha, ciúme, culpa, orgulho).
Flávia Ferreira
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