O pensamento renascentista, ao reencarar a cultura greco-latina, tão devotada à saúde e ao desenvolvimento harmónico do corpo, não podia persistir num dualismo corpo-espírito apenas interessado nas reflexões sobre o imaterial.
Não foi na própria época renascentista que surgiu o pensador capaz de sintetizar os vários aspectos do pensamento dos diversos homens do Renascimento. Tal tarefa, que abriu o caminho ao pensamento moderno, só foi realizada posteriormente e teve em Descartes o génio que rubricou a sua autoria.
Com a sua obra O Discurso do Método, Descartes demarca-se como o fundador da Filosofia Moderna. A dúvida metódica leva-o à construção de uma ciência exacta.
No que se refere aos aspectos ligados à Psicologia, todo o pensamento de Descartes se subordinou também a um dualismo corpo-espírito derivado das três realidades que definiu.
Sendo as três realidades:
- Deus (substância infinita,de que tudo depende e que não depende de coisa alguma);
- o Eu (consubstanciado na alma);
- Mundo (constituído pela substância extensa ).
O Homem - afirmava - era um ser dualista de corpo e espírito em que estes dois aspectos se relacionavam pelo cérebro (glândula pineal), mas não se controlavam mutuamente; o corpo, com acções mecânicas, era constituído por matéria e como tal mensurável e dependente de leis físicas, nada impedindo por isso que se fizesse a sua comparação com as máquinas biológicas que eram os animais; o espírito era algo vago, sem existência física, sujeito só às leis divinas e semelhante à primeira das realidades (Deus). A partir deste ponto de vista, os estudos biológicos de Descartes em nada colidiam com os dogmas escolásticos.
Ana João
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