terça-feira, 8 de novembro de 2011

Necessidade e Desejo

Algumas das necessidades não podem ser descuradas sem que a nossa sobrevivência seja posta em causa. Pela sua importância vital, estão sempre presentes na nossa relação com os outros e com o mundo. A satisfação destas necessidades marca, muitas vezes, a forma como pensamos e como orientamos as  nossas acções e comportamentos.  Foi a satisfação das necessidades uma das razões que levaram os seres humanos a organizarem-se em grupos sociais complexos, criando culturas. No que pensamos e fazemos há um propósito e essa finalidade liga-se ao que desejamos e ao que queremos. O desejo relaciona-se com uma aspiração de alguma coisa que nos falta, que não temos– pode-se portanto defini-lo também pela insatisfação (a partir do momento em que o desejo é realizado, deixa de ser desejo). Desejos e necessidades no viver humano. A satisfação das necessidades primárias/básicas está, por um lado, codificada cultural e socialmente, e, por outro, traduzida em vontades e desejos pessoais. O modo como se satisfaz a fome depende, como vimos, de factores de ordem social e cultural, mas  também dos desejos e vontades de cada um (p. ex. do que se gosta ou não de comer). Outras necessidades estão mais influenciadas pela construção social, como p. ex., o comportamento  sexual. Desejos e vontades tornam-se, assim, também necessidades, uma vez que sentes a sua falta. Procura-se alcançar a sua satisfação através de formas que ganham sentido a partir dos modos culturais e sociais de as satisfazer. Freud põe em causa a concepção clássica de desejo, como sendo uma tendência acompanhada de consciência. Segundo ele, os desejos têm origem nas necessidades. É no decurso de uma experiência– a satisfação de uma necessidade– que o desejo se constitui. Uma necessidade interior provoca uma excitação que desaparece com a obtenção do objecto que a satisfaz.

João Ribas

Sem comentários:

Enviar um comentário